Siri na Lata leva as bandeiras de luta da classe trabalhadora para o dialogo com a sociedade

Já é tradição! Em sua 7ª edição, o mais original bloco dos trabalhadores e trabalhadoras de Sergipe, o Bloco Siri na Lata levou para as ruas do Centro de Aracaju as várias bandeiras de luta da classe trabalhadora, nesta sexta-feira, 17 de fevereiro. Abrindo o Carnaval de rua de Aracaju, o Siri na Lata teve concentração na Praça Fausto Cardoso, saindo em seguida pelas principais ruas e calçadões do Centro, dialogando com a sociedade sobre as pautas de reivindicação dos sindicatos CUTistas.
“O Siri na Lata é uma oportunidade da classe trabalhadora levar suas pautas de reivindicação para as ruas, dialogando com a sociedade de forma irreverente, mas mostrando a real luta dos trabalhadores. Entendo que é uma grande conquista para a CUT/SE realizar o Bloco Siri na Lata pelo sétimo ano consecutivo, mostrando que os trabalhadores estão unidos na luta pela conquista e manutenção dos seus direitos”, avalia Roberto Silva, diretor da CUT/SE e organizador do Bloco Siri na Lata 2012.
A irreverente manifestação teve início com uma ação definida e articulada em torno do Ministério Público Estadual (MPE). Trata-se de uma Representação ao órgão de controle sobre os gastos públicos na festa conhecida como Pré-Caju. Conforme divulgado na imprensa, uma soma significativa de recursos públicos são destinados a cada ano para a viabilização da realização de uma prévia carnavalesca, o Pré-Caju, promovida pela iniciativa privada.

“Estamos pedindo ao MPE que abra uma discussão e investigue melhor os gastos públicos que são feitos no Pré-Caju. Como são feitos esses gastos? Qual o valor real desses gastos? É preciso esclarecer que esse dinheiro deve ser destinado a outros fins e não a uma festa privada que pode muito bem ir atrás do dinheiro da iniciativa privada. O dinheiro público deve ser gastado com a educação, saúde, transporte coletivo, como também com o Carnaval de rua, que é o verdadeiro Carnaval do povo”, enfatiza George Washington, diretor da CUT/SE.
No documento protocolado no MPE, a CUT/SE afirma que o Poder Público de Sergipe tem negligenciado manifestações culturais locais como o carnaval popular de rua, tanto em Aracaju como nos municípios sergipanos, alegando sempre falta de recursos. Entretanto, para manter o Pré-Caju, parece não haver empecilhos financeiros. “O que se constata é o desvio de finalidade do uso de recursos públicos, inclusive através de emendas parlamentares, aloca volumes expressivos de recursos para tal evento gerando vultosas somas de lucros para determinado grupo empresarial de natureza privada, enquanto a população enfrenta os péssimos serviços públicos prestados à sociedade”.

Citando Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000), bem como a Lei da Transparência (Lei 12.527/2011), no tocante à obrigatoriedade dos gestores darem total transparência dos gastos públicos , a CUT/SE solicitou ao MPE o cumprimento da legislação, tanto no tocante aos recursos públicos financeiros como materiais e humanos, diretos e indiretos alocados no Pré-Caju. “Para além disso, dar a devida publicidade das mesmas, de modo que a sociedade possa acompanhar e avaliar a legalidade, a pertinência e a racionalidade da aplicação do montante dos impostos pagos pelos cidadãos, destinados à festa carnavalesca em referência”, declara o documento da CUT/SE.
Pautas CUTistas no Siri na Lata

Entre outras bandeiras, a CUT/SE levou para as ruas a discussão sobre a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas. Estudos apontam que com essa redução mais de 2 milhões de empregos serão gerados. A central sindical também saiu em defesa das trabalhadoras, no tocante à questão do combate à violência contra a mulher, que cresce a cada dia; como também em defesa da abertura dos arquivos da ditadura, “o povo que não revê sua história tende a repeti-la”.

Outras bandeiras de luta que estiveram em pauta foram: políticas públicas para juventude de inclusão social; 10% do PIB para educação e respeito ao piso salarial dos professores; reforma agrária e urbana; plano diretor participativo que respeite os interesses do povo aracajuano e NÃO das construtoras; contra aumento da passagem de ônibus; e fechamento do comércio em todos domingos e feriados
“Pode até ser um momento de festivo, mas os trabalhadores e trabalhadoras não podem cochilar. A todo momento a população pode ver as tentativas de retirada de direitos da classe trabalhadora. Por isso, a CUT reforça sua iniciativa de reunir os seus sindicatos filiados, levando a luta da classe trabalhadora para as ruas e não deixando que ela fique esquecida nunca. O nome do bloco revela bem isso. O Siri na Lata significa um siri raivoso, que tem vontade de brigar, vontade de lutar por sua liberdade e por seus direitos, vontade de partir para a vida, partir para as ruas e para as lutas sociais”, pontuou George Washington.
Siri na Lata já é tradição
Diversas categorias desfilaram suas bandeiras de luta no Bloco Siri na Lata. Estiveram presentes os sindicatos: SINTESE, Sindijor, Sinergia, Sindimina, SINDISERJ, Sinditic, SINTUFS, STASE, Sindiserve Canindé, Comerciário de Estância, Sindisan, Sindiserve Glória, Sintradispen, dentre outros.

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Canindé de São Francisco (Sindiserve Canindé), Edmilson Balbino Filho revelou as pautas de luta que o sindicato trouxe: os trabalhadores de Canindé de São Francisco estão sem isonomia salarial, com salários defasados e sem condições de trabalho.
“Canindé hoje é uma cidade privilegiada, que tem uma arrecadação superior a 8 milhões e meio de reais. No entanto, a valorização dos trabalhadores ainda não chegou lá. Servidores ainda recebem salários compatíveis com municípios que têm arrecadação 5 vezes menos que Canindé. Nós estamos lutando também pela regularização da folha de pagamento, já que nesta contam mais de 200 servidores que recebem salários de 2 à 4 mil reais e que não trabalham. São comissionados que o prefeito admitiu e que não exercem suas funções. Isso só trás prejuízo para os servidores. Por essas e outras, foi deflagrado no dia 27 de fevereiro Greve no serviço público de Canindé pela valorização dos servidores, porque é hora do município valorizar seus funcionários” garante Edmilson.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor) Caroline Santos afirmou que o sindicato está iniciou a Campanha Salarial da categoria esta semana, na terça-feira, 14, em Assembléia, onde definiram a pauta da Campanha, que será conjunta com os Radialistas, como tem sido feito todos os anos. Em 2012 eles buscam um aumento real, com uma proposta do índice do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais 12%. A jornalista lembrou que em alguns lugares propostas de Piso Salarial para jornalistas estão beirando os 3 mil reais, enquanto que aqui em Sergipe, o Piso da categoria é de R$1.103,00.

“Temos também outras reivindicações, como por exemplo a questão da liberação dos dirigentes do sindicato, que hoje não têm o mínimo de liberação para poder atuar com o sindicato; gratificação de chefia; cláusulas sociais para serem discutidas com o sindicato patronal. Nós esperamos que 2012 seja uma ano diferente, e que os jornalistas consigam melhorias não só de salário, mas também de condições de trabalho”, destacou Caroline.
Confiram mais informações, fotos e comentários do Bloco Siri na Lata 2012 no facebook da CUT Sergipe

Atualizado em 31 de março de 2023

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